Um sistema político e econômico débil como o nosso só pode produzir um sistema de valores com graves distúrbios.
Convivemos com uma crise de valores aguda, acreditamos e reproduzimos como verdades naturais as construções sócio-históricas de uma classe dirigente que lucra com a doença, com o desmatamento, com o crime, com as guerras e com o desespero e o endividamento alheio.
Não temos tempo para pensar, ainda mais pensar sobre essas coisas, temos que "ganhar a vida", correr, dar um jeito de ganhar mais e gastar menos, por vezes, não importando o que se faça para alcançar esses objetivos.
Estamos imersos em um arcabouço de valores tão esquizofrênicos que compramos teses dos que nos fizeram chegar a esse situação, culpabilizamos e julgamos os oprimidos, (vagabundo, preguiçoso, violento), nos portamos intolerantes diante do diferente (vide Europa hoje) e consumimos acriticamente na época do apogeu da obsolescência programada.
Igrejas lucrando com a promoção do ódio e do preconceito, escolas formando sujeitos repetitivos e obedientes, universidades públicas prestando serviços à empresas, economia dependente de setores que não fazem nenhuma "economia" dos recursos naturais e são reconhecidos poluidores, industria cultural apostando na simplificação e na mediocridade.
Assim, às avessas, nossos valores engrossam a trincheira da desumanização, por isso nunca foi tão urgente refletir sobre os valores que orientam nossas práticas profissionais, nossas relações pessoais e nossas escolhas políticas.
Gregório Grisa
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