terça-feira, maio 05, 2015

Encruzilhada dos petistas

O PT tem mais de um milhão e meio de filiados (1.590.304). Em termos estatísticos (quantidade literal de pessoas) é o partido brasileiro com maior número de filiados progressistas, honrados, utópicos, trabalhadores, esclarecidos e honestos. Veja bem, em quantidade. Esses filiados vivem uma grande encruzilhada política. Estar em um partido com história, mas que vive seu fim. Esse fim não se deve a esses filiados, mas ao distanciamento que a máquina (zona em que oportunistas acenderam) e a cúpula partidária desenvolveu desses filiados, da "base".


Os analfabetos políticos das panelas e camisas da seleção não entendem isso, eles generalizam, rotulam e distorcem. Eles não fazem panelaço contra a maioria de indiciados na Lava-Jato do PP e do PMDB, contra a Operação Zelotes, contra a sonegação do HSBC, nem contra o governador do PSDB que mandou dar tiro e colocar cachorros em professores, por exemplo.
Os inúmeros filiados sérios do PT pagam por um crime que não cometeram, boa parte deles insistem em uma defesa romântica do partido, quase folclórica. Todavia, aqueles que nutrem esperança por uma saída de esquerda para o Brasil, já entenderam que o PT, no conjunto da complexa obra, representa mais os interesses do grande capital do que dos trabalhadores, infelizmente.
A política econômica e os ajustes estão aí para provar empiricamente isso. A questão é que entre entender e tomar uma atitude que saia da zona de conforto há uma distância. Uma tendência (grupo interno) importante do PT deixou o partido há algumas semanas, alternativas de esquerda estão se organizando no país, partidos e movimentos vão se consolidando ampliando as opções.
Defender que esses filiados deixem o PT, como estou fazendo, não significa aceitar calado o exclusivo e orquestrado ataque que a sigla sofre das elites da comunicação e setores do judiciário. O antipetismo é um movimento contra toda e qualquer esquerda por isso deve ser combatido ideologicamente, mas isso não significa defender o PT, essa simples distinção é importante.
Muitas bandeiras do PT são importantes para a democracia, a maioria, o problema é que as mais avançadas não passam de retórica progressista, tais bandeiras estão sendo rasgadas na prática pelas alianças políticas e métodos adotados. As bandeiras de cunho moral e de reforma política esbarram no pacote de ajuste encaminhado ao congresso e na política estrutural de juros elevados que daria inveja a qualquer filiado do PDSB, inclusive aquele que se manifesta batendo panela em altos prédios sem o menor senso do ridículo.

Gregório Grisa

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