sexta-feira, abril 25, 2014

Mudar de ideia não nos diminui



Afirma-se constantemente que a realidade é mutável, dinâmica, por ser assim deveria ser normal mudarmos de ideia sobre ela. Porém, mudar de ideia mexe com orgulhos, exige humildade e nem sempre é ato bem visto. 


Quem raramente muda de ideia olha muito pouco para a realidade. Quem raramente muda de ideia contrasta pouco suas representações com o mundo objetivo. 



Ter vergonha de mudar de ideia é confundir as coisas, teríamos que nos envergonhar de não mudar, porque só não muda nunca quem pouco pensa, seja o tema que for. Os avanços pessoas e sociais advêm de mudanças e rupturas, seja de ações ou pensamentos.

Quando a mudança de pensamento é legitimada pela realidade, nunca se trata de retrocesso. A dúvida é a raiz da mudança, as certezas que temos sem dúvida são importantes e nos constituem, todavia, devem ser pontuais e em menor escalas do que as dúvidas.

A realidade ao nosso redor, na família, no trabalho, na cidade e no país, guarda ingredientes infinitamente mais complexos em qualidade e quantidade do que nossos sentidos podem captar. Daí a necessidade de nos perguntarmos sempre, será que é mesmo assim? O que essa mensagem ou esse discurso representam? Que visão de mundo eu reproduzo em minhas opiniões?

Honestidade intelectual não é seguirmos pensando sempre a mesma coisa, mas sim sempre questionarmos o que pensamos. Não confundamos honestidade intelectual com fidelidade intelectual, como ocorre em algumas religiões onde ser fiel a dogmas é tido como positivo e questioná-los é encarado como desvirtuante. 

Ser fiel e honesto intelectualmente é defender suas convicções e expressá-las sabendo que elas representam sua compreensão naquele momento, mas que estão em aberto para serem questionadas pelos outros e, principalmente, pela realidade.

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