terça-feira, agosto 13, 2013

Kwame Anthony Appiah

Ontem, dia 12/08/13, o projeto Fronteiras do Pensamento recebeu o filósofo ganês  Kwame Anthony Appiah, em uma palestra bastante diplomática o teórico ponderou sobre temas mundiais como questões religiosas, racismo e gênero. Tendo como base a noção de honra e suas resignificações, Appiah deu exemplos históricos, exitosos e fracassados,  de movimentos que pretenderam mudar costumes e atitudes que ferem a noção universal de direitos humanos, como a mutilação feminina na África e o ato atar os pés de meninas na China. Abaixo listo algumas reflexões que o autor trouxe em uma tradução livre minha.

Ter honra é ter o direito de ser respeitado e isso se dá dentro de um código de honra localmente delimitado.

Para dar fim a costumes violentos não basta os estrangeiros chegarem impondo tal mudança, é necessário um diálogo respeitoso, que convença da vergonha que representa para aquele país tal costume. Esse convencimento passa pela criação de instituições, pela disputa da intelectualidade e nem sempre será rápido. 

Tornar as coisas ilegais não muda a realidade, tem de se extrair a honra de tal atitude ou costume que fere os direitos humanos, mudanças culturais são precedidas pela mudança do conceito de honra em determinada sociedade.

Sobre as ações afirmativas o autor pensa que essas políticas não têm nenhum problema moral, e que nos EUA a justificativa de reparação histórica não é o principal argumento na defesa de cotas por ex. Ele afirma que a necessidade de diversificar as universidades e a comprovação de que as melhores instituições são aquelas que recebem pessoas de vários lugares, etnias e religiões é a base do argumento a favor.

Por fim, ele afirma que devemos conviver cada vez mais e que convivência não exige concordância plena. Falando sobre o Estado laico e defendendo a escuta das religiões para pensar políticas públicas, comentou da dificuldade de "converter" as pessoas quando o Estado era controlado por religiões no passado. Tomando esse raciocínio e discordando brevemente de Appiah, pensei nos nossos dias, em que o Estado ainda tem dificuldade de "converter" as pessoas para a sua laicidade, haja vista, a significativa quantidade de grupos religiosos representado no atual poder político brasileiro.   





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