quinta-feira, junho 14, 2012

Fácil né?

Temos a tendência de querer explicar tudo que envolve relacionamentos, e ainda temos uma mania, que é pior, de achar que entendemos do assunto. A verdade é que o tema é fecundo, cabe de achismos até análises de comportamento. Como os casos são infinitos e significativamente diferentes não há possibilidade de se entender todos os aspectos de um relacionamento, entretanto, creio (ingenuamente) que existem recorrências e sensações particulares que nos auxiliam pelo menos a nos aproximarmos de alguma compreensão dos nossos casos. 
E de antemão isso é importante, o melhor modo de você ajudar outras pessoas sobre isso é entendendo e decifrando as suas próprias relações e histórias. Porque aqui vale aquela máxima da educação infantil que os exemplos são mais eficientes do que teorias transmitidas. Falar de física quântica ou astronomia seria bem mais simples, mas já que começamos...

1- As relações são um jogo, fundamentalmente no início, dizer que não está jogando é uma jogada. Ser um jogo não quer dizer que seja algo leviano passível de trapaça, não confundamos as coisas. Falo aqui de um jogo de sedução, de descoberta, de inteligência, de adivinhação, de flexibilização do orgulho e autoconhecimento. Esse jogo pode se tornar algo horrível e as relações doentias e violentas estão ai para provar isso. 

2- Sempre chegará um momento que, claramente,  um vai querer mais que o outro;  é muito bom que isso ocorra quando a relação ainda está em estágio de estudo e não com compromisso selado, para se ter claro os prognósticos de possibilidades de uma relação futura saudável. Mesmo que as vezes as pessoas saibam que as chances de dar certo são pequenas, elas agridem a racionalidade e investem com tudo. Um dia você será caça e outro caçador e o modo como se reage a esses papéis deve ser diferente. 

3- Todo mundo mente e isso não é um problema, creio que o desafio da maturidade é não mentir sobre o que é fundamental pra ti na relação e nem sobre algo que possa fazer literalmente mal a saúde da outra pessoa. E isso não se refere ao universo da fidelidade ou ao moralismo das aparências, mas sim ao processo de construção do jogo, que trata do potencial das pessoas se fazerem melhores por se relacionarem. Falo do que Gárcia Máquez aponta na frase: "gosto de você não pelo que és, mas pelo que sou quando estou contigo".

4- Há saudades eternas, entenda e aceite. Fácil né? O tempo tende a preservar as coisas boas das grandes relações, logo a falta que as coisas boas fazem é forte e deve ser encarada como capítulo nobre que não seria escrito sem a relação.  Ver a saudade com orgulho é um modo de tirar o aspecto fúnebre que ela pode ganhar conforme for seu estado emocional. Saudade deve ter a mesma raiz etimológica de saúde, se não tiver eu to inventando. 

5- As pessoas interessadas uma nas outras não necessariamente querem se ver todos os dias ou todas as semanas. Os sujeitos são diferentes e, portanto, o modo de estar "a fim" é diferente pra cada um. Em muitas vezes o jeito de ser, de se comunicar ou de lidar com algumas situações é tido como sinônimo de desinteresse ou até indiferença pelo outro. Nem sempre, as vezes é mesmo o jeito das pessoas, então "não, porque nem sempre"! (Amarante)

Fiz essa incursão sobre relacionamentos porque não quis fazer música hoje, e termino com a sensação de ter dito um monte de coisa para não dizer nada, mas não confio muito em sensações. Até a próxima crise de Martha Medeiros. 

Um comentário:

jose ernesto grisa disse...

muito sensível e legal, um tom poético.