terça-feira, maio 15, 2012

As muitas "verdades"

OBS: mais uma vez nesse texto uso como apoio o biólogo Richard Dawkins em algumas passagens. 

"O fato de que vivemos no fundo de um posso profundo de gravidade, na superfície de um planeta coberto de gás que gira em volta de uma bola de fogo nuclear a 150 milhões de quilômetros e achamos isso normal é obviamente uma indicação do quão torta tende a ser a nossa perspectiva."

Sabemos já que uma rocha é composta majoritariamente de vazio no que se refere a sua materialidade física, porém, nós humanos as entendemos como sólidas porque não conseguimos atravessá-las. Nosso cérebro evoluiu de animais de tamanho médio que  também não conseguiam atravessar rochas, por isso as consideramos sólidas, essa é a nossa "verdade", embora não seja a "verdade". Na "verdade" para um animal, é aquilo que seu cérebro precisa que seja, para ajudá-lo a sobreviver. Se nossos ancestrais se jogassem contra rochas morreriam, assim como se tentassem voar.

"O que vemos no mundo real não é o mundo real intocado, mas um modelo do mundo real, regulado e ajustado por dados sensoriais, um modelo que é construído para que seja útil para lidar com o mundo real. Bactérias, águias e roedores tem outra percepção da matéria." 

Nosso cérebro evolui para ajudar nosso corpo a viver no mundo na escala em que esse corpo funciona, não evoluímos para navegar no mundo dos átomos. Partículas atravessam paredes porque o seu "na verdade" é outro. Pense nisso. 

Em um planeta, e possivelmente o único planeta no universo, moléculas  que normalmente não formariam nada mais complicado que um pedaço de pedra reúnem-se em grupos de matéria do tamanho de pedras, de uma complexidade tão inacreditável que são capazes de correr, pular, nadar, voar, enxergar, escutar, capturar e comer outros pedaços animados de complexidade; capazes em alguns casos de pensar e sentir e de se apaixonar por outros pedaços de matéria complexa. Você é um conjunto de moléculas. 

"A evolução da vida complexa, e de fato a sua existência num universo que obedeça as leis da física, é uma surpresa maravilhosa - ou seria, se não fosse o fato de que a surpresa é uma emoção que só pode existir no cérebro que seja produto desse mesmo processo tão surpreendente"

Por isso a ciência e a arte são os meios com os quais tento me consolar, me encantar e a busca por saber mais é a atividade que nos liberta cada vez mais das nossas ainda limitadas percepções. A igreja, a crença em Deus e as superstições como signos, mantras e afins são hoje infinitamente mais relevantes para a imensa maioria das pessoas, infelizmente. Vejam como está o mundo, como estão as pessoas e suas relações com a natureza e com os outros. Por fim, é só um desabafo bem pessoal.

Nenhum comentário: