Até sem perceber estamos fazendo
escolhas, inclusive quando não escolhemos. Em geral nos direcionamos para a
segurança, é natural que o que nos é conhecido seja a primeira opção. Acostumamo-nos
com a presença, com a tendência, com a repetição, enfim, com o mesmo lugar na
sala. Acostumar pressupõe se apegar, entregar boa parcela da nossa energia
àquilo que já se tornou parte da rotina, logo, da vida. Porém, são as escolhas
que rompem com o costumeiro que consideramos as mais difíceis e importantes,
isto é, se acostumar com optar por não se acostumar é que é complicado. Por quê?
Elas não se resumem somente a nós, elas mexem com a vida de outras pessoas,
quem se acostuma se acostuma com, junto! Tomar decisões, nesse caso, também é
fugir, é deixar que as outras pessoas caminhem para o impensado quando
acostumadas. É manter os elos não os mantendo, é criar novos jeitos de lidar
com os mesmos problemas. As pessoas precisam dos erros das outras, viver, por
si só, é errar, já que não há rascunho, não se rebobina o tempo, não se apaga o
que já foi registrado pela razão e o sentimento, assim como não se prevê.
Aprender, com a alegria e o sofrimento alheio, é uma escolha que dificilmente
vamos fugir de tomar, simplesmente pelo fato de que ninguém fica feliz nem
triste por si só, sem uma causa que envolva outro alguém. Às vezes, não só
produzimos efeitos nas vidas das pessoas, nós mesmos somos os efeitos, de corpo
inteiro, carne, osso e principalmente água. Tomar decisões que se destinam a
cortar costumes e convivências são importantes, mas não são definitivas nem
absolutas. É fundamental lembrar que só tomamos esse perfil de decisão após ter
tomado outra tão essencial na vida quanto, a de se acostumar.
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