segunda-feira, janeiro 30, 2012

“2012 o primeiro ano realmente com cotas na UFRGS”



O tom provocativo do título se deve ao fato de que no vestibular desse ano as vagas reservadas para alunos egressos de escolas públicas autodeclarados negros serão mais preenchidas na UFRGS. Uma mudança, pautada pelo DCE e promovida pelo CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), responsável por medidas técnicas referentes ao vestibular, fez com que mais redações dos candidatos cotistas fossem corrigidas, fazendo com que as vagas oferecidas fossem ocupadas em maior escala. Essa medida se deu para solucionar uma discrepância que existia entre a Decisão 134/2007 que implanta a reserva de vagas (que prevê 30% para alunos de escola pública e alunos de escola pública autodeclarados negros) e o processo seletivo (vestibular) e suas dinâmicas.
Com o ingresso de mais alunos negros, inclusive nos cursos mais procurados, a resolução acima mencionada, aprovada legitimamente pelo Consun (Conselho Universitário) em 2007, começa a ser efetivada. Apesar de todo o impacto inclusivo no ingresso de alunos de escolas públicas e negros desde 2008 através das cotas, tínhamos um déficit grande em relação à ocupação das vagas ofertadas, principalmente no caso dos autodeclarados negros.
Com o fato histórico de que, por exemplo, no curso de medicina ingressaram 21 candidatos negros, a pseudopolêmica voltou a ser tema central da imprensa. Interessante pensarmos sobre o cenário de conflito que parte da grande mídia tenta produzir quando trata das cotas na UFRGS. Esse movimento se dá em duas frentes, a primeira é a tentativa de reeditar, devido a reavaliação que vai ocorrer em 2012 da política, um debate defasado de ser contra ou a favor de cotas. As universidades brasileiras estão em outro nível de diálogo sobre essa matéria, as cotas são políticas consolidadas nas maiores instituições do país e as energias dos gestores e professores estão centradas no processo de qualificação dessa política pública.
Outra frente que denuncia a parcialidade de algumas matérias jornalísticas é a tentativa de inculcar um pânico generalizado na comunidade acadêmica e na sociedade no que se refere ao rendimento dos alunos cotistas e a possibilidade deles terem dificuldade de acompanhar e se formar. Essa alusão advém do argumento preconceituoso da possível baixa da qualidade requentado ou revestido pela preocupação de que os alunos se formem. Por trás dessas tentativas de enfraquecer as ações afirmativas está à noção ainda medieval de que a universidade é lugar somente do mérito e não é espaço para se promover ou impulsionar mudanças sociais, simbólicas e de valores.
Na Ufrgs no máximo 30% dos alunos se formam no tempo mínimo do curso, são minoria em todos os segmentos e áreas de conhecimento. Inclusive por essa razão que os alunos têm o direito de se formar no dobro do tempo de duração do seu curso. O desafio da universidade é dar condições para que todos os alunos se formem no tempo adequado e não somente aos cotistas, até porque qualquer avalição feita com apenas cinco anos de cotas é bastante precoce e limitada, tendo em vista que pela média geral poucos cotistas irão se formar nesse período.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Vida virtual


Entendo que o capitalismo contemporâneo chegou a um estágio tão hegemônico que torna quase todos os mecanismos de acesso à cultura e ao conhecimento historicamente construído uma modalidade de mercadoria. Fazendo com isso com que para os sujeitos acessem o conhecimento eles têm de ser antes de tudo um consumidor.
No bojo desse contexto está o grande crescimento das mídias virtuais, do alcance a internet via múltiplos aparelhos e a confecção de uma vida social com base nessas tecnologias. Entre tantas outras coisas esse processo tem produzido um borramento da fronteira do público e do privado, da intimidade e do social. Isso é alavanca de uma mudança tão significativa que o fato mesmo da invasão da privacidade esta sendo substituído, por certa aceitação de expor a privacidade. Isto é, o próprio sujeito para ser aceito, se valorizar, se afirmar ou mesmo chamar a atenção faz questão de mostrar sua intimidade virtualmente ou dar luz a suas sensações e emoções.
Isso denota uma inversão na lógica de exposição da privacidade, esse movimento agudiza o problema de quem é mais vulnerável emocionalmente ou tem problema de autoestima que acaba sofrendo com uma necessidade de exposição que nem sempre é interessante para qualificar suas relações sociais. 

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Adeus doloroso


Por Fabiano Baldasso

D’Alessandro não é um atleta do Internacional. É uma instituição a serviço de outra.
Existem vários fatores que vão tornando um jogador importante para o clube e D’Alessandro não se limitou a passar por todos eles…passou com o tradicional drible “LA Boba”, olhou pra trás e riu de todos os percalços que para ele fizeram parte apenas de uma brincadeira…como se fosse.
D’Alessandro virou homem Grenal, homem Sulamericana, homem Libertadores… Quem não lembra da Sulamericana de 2008, na Bombonera, quando D’Ale botou o dedo na cara dos “bosteros” que são odiados por ele desde o ventre materno. Palco onde, anos antes, Chiquinho e Dieguinho tiravam fotos e arregalavam os olhos com pavor do adversário.
Pernas finas, voz pequena, alma gigante e envolvimento oceânico.
D’Alessandro é o melhor jogador do Internacional desde Falcão, mas ganhou mais…vibrou mais…sofreu mais…reclamou mais…
O futebol gaúcho pode estar perdendo seu principal expoente em décadas.
Um argentino insolente que vestiu a camisa colorada como muitos…e a dignificou como poucos.
D’Alessandro pode se ir…e  deixar o coração despedaçado de milhares de colorados.
Fica na história, belíssima história…uma das páginas mais bonitas e vencedoras do auto intitulado campeão de tudo.
E se foi campeão de tudo, muito foi por causa dele.
Adios Cabeçon! Obrigador por ter feito o futebol gaúcho mais vencedor.

Fonte: Blog do Fabiano Baldasso

domingo, janeiro 08, 2012

Pois é

“Se eu quiser que alguém respeite meus pontos de vista sobre política, ciência e arte, terei que conquistar esse respeito por meio da argumentação, da justificação, da eloqüência ou do conhecimento relevante, (…) Porque não há limites para as opiniões religiosas? Por que nós temos que respeitá-las pela simples razão de que elas são religiosas?”.

Richard Dawkins

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Oportunidades das festas de fim de ano

Festas de fim de ano tem suas boas peculiaridades, além de encontrar pessoas que foram, são e podem vir a ser importantes na vida, nós conhecemos outras e nos permitimos mais do que no restante do ano. Claro que isso depende de cada pessoa, mas em geral essas festas constituem essa aura favorável. No ano que passou entre tantas coisas que aprendi destaco o fato de realmente tentar e conseguir viver com a diferença, ou seja, conviver com pessoas e grupos bem distintos sem deixar de expressar meu pensamento sobre as coisas, enfim, minha identidade na medida do bom senso. Sem dúvida que essa dinâmica pode e deve ser aperfeiçoada, mas noto em mim que isso é algo positivo apesar de causar estranheza em algumas pessoas e ser algo insignificante para outras. Alguns se impactam com a crueza de algumas conversas ou com posturas mais desprendidas, mas há de se romper com hipocrisias interioranas e há de se denunciar as limitações de convívio que os preconceitos e  as desinformações nos impõe. Não existe avanço nas relações do ponto de vista individual, nós dependemos dos outros pra nos descobrirmos e to feliz de perceber nesse processo que algumas pessoas estão me ensinando ao arejar suas noções e quem sabe no decorrer da vida seus valores. Esse relato pode parecer um tanto umbilical e introspectivo e até é mesmo, entretanto, ele não diz só de mim porque nasceu dos outros. 

Feliz 2012 a todos e dá-lhe vida.