domingo, março 06, 2011

Tudo ou nada



Sempre tem algo não é? Todo dia a notícia acontece ou é inventada, a vida não espera nada. Quando digo a vida não falo da minha nem da tua, mas da do mundo, do universo. Sempre acontece tudo e quase sempre não acontece nada para gente, para nossa individual existência, nossa rotina, nossa caminhada de trilhos desenhados na nossa mente. Pessoas morrem sempre, inexoravelmente, às vezes notáveis outras vezes famosos e ainda há a morte dos que famosos ficam exatamente por morrer. Sempre há uma revolta popular, um golpe sendo planejado, um negócio bilionário sendo fechado, um concurso sendo feito e um texto a ser escrito.
Sempre é uma palavra muito definitiva, assim como nunca não é? Não. O sempre existe e o nunca também, embora isso castre nossa veia utópica ou poética. São características do mundo, da vida, nunca vamos voar sozinhos, assim como sempre dependeremos do ar para manter nossa espécie. Sem carbono nunca haveria vida nos moldes que conhecemos, e sem a imaginação sempre iríamos fazer como as formigas que trabalham do mesmo modo a milhões de anos.
O que importam essas informações? Depende. A resposta pode ser nada, se caso você não tem tempo para pensar no tema ou acredita que existe uma transcendência que transforma tudo isso em pó de tão irrelevante. Ou pode ser muito, caso seu cérebro tire folga com freqüência e passeie pelos vales da subjetividade e dedique atenção para entender mais sobre as intrigantes formas que temos de entender o mundo, a nós, e aos outros. A arte cumpre esse papel de uma maneira linda, faz o papel de guia turístico desse passeio. Pena que 80% da humanidade não acessa a beleza, a sensibilidade, as entrelinhas, os achados, a leveza, a profundidade, o conteúdo, o significante e o significado da arte.
Como perde a humanidade com isso, como poderíamos ser melhores, mais justos, tomarmos melhores decisões, como formularíamos melhores nossos juízos se as artes inundassem as mentes dos seres humanos. Menos seriam os absurdos, as violências de toda ordem e teríamos não uma plenitude de felicidade, não me iludo com isso, mas viveríamos nossas infelicidades com mais lucidez, haveria mais nitidez de que as tristezas são parte da existência e podem ser superadas.
Conseguiríamos organizar melhor a vida coletiva, a política, os seres humanos não têm desvios éticos e morais no seu DNA, nem nascem com doses de má fé e vontade. O ser humano construiu e constrói sua história, faz escolhas que se acumulam, se repetem e se transformam em cultura, ninguém é bom ou ruim por natureza. Esse maniqueísmo só serve para convencer e formar ingênuos, as relações humanas são mais complexas que isso. Complexo, aqui no caso, não e sinônimo de difícil, mas sim de maior, mais amplo. Não há solução para tudo, não há perfeição, não há receita para o que não se desenvolveu ficar pronto, ao contrário de um bolo de cenoura, que é engendrado para ter uma forma, o ser humano vive da incompletude e que bom.

2 comentários:

rosane disse...

Muito boooom! Beijos.

josé ernesto grisa disse...

muito boooom,
siga escrevendo,assim.
bj
pai.