segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Grande Santiago

Eram quase duas horas da manhã, as pálpebras de Alfredo já enfraquecidas diminuíam a curiosidade sobre o horizonte e a caminhada já estava chegando ao fim. Viajar é uma prática comum da família do nosso rapaz e dessa vez o destino foi o Chile. Santiago se mostrava uma capital charmosa e movimentada que mescla a estética do mundo moderno com a contemplação da arquitetura de outrora. Essa é a viagem mais longa que família já fez e custou o preço de não ter havido passeio nas férias últimas.

Dividiram o tempo com a disciplina devida em viagens únicas, conheceram pontos turísticos, aproveitaram a gastronomia e os passeios, tudo dentro do orçamento contado. Santiago, por ser no vale central chileno, oferece um fundo branco e montanhoso, ou se preferirem, a Cordilheira dos Andes, a cidade é o fundo de uma panela de tantas montanhas que a cercam.

O apóstolo Santiago foi homenageado bem longe da terra santa por ser patrono da Espanha e Alfredo se pôs curioso quando na chegada ao hotel ficou sabendo disso através de um senhor que tomava conhaque no bar onde ele fora buscar chá verde para o seu pai. Devido ao horário o serviço de quarto já não funcionava e logo que o chá chegou Alfredo, que gostara do espanhol lento e paciente do senhor, levou-o num pé e retornou no outro.

Ali ficou mais uma hora daquela noite agradável ao se entreter ouvindo mais sobre o Chile e sua capital, ou sobre a opinião daquele senhor sobre sua terra, mas, sobretudo agradou aquele sujeito que adorou ser ouvido com atenção, essa necessária tanto pela língua quanto pelo tema. Alfredo tem sensibilidades como essas que afloram de vez em quando, percebeu que o senhor tinha sede de só e que trôpego ficaria de qualquer forma, então lhe ofereceu companhia para que ambos cambaleassem mais alegres. O senhor das pernas e Alfredo, que não provou nada além de tônica, tropeçava no espanhol mesmo.