quarta-feira, dezembro 15, 2010

Uma morte anunciada


A derrota do Inter era uma morte anunciada e não é a primeira vez que uso desse tom prepotente para dizer isso aqui. Da primeira vez foi quando com um ano de antecedência disse aqui que a Espanha seria a campeã mundial em 2010. Logo que a fúria perdeu a semifinal da copa das confederações de 2009 para os EUA, afirmei e dei as razões pelas quais o título da copa viria.
Sobre o internacional perder para o Mazembe eu não esperava, mas tinha a convicção de que o bi mundial não aconteceria. Coloquei meus argumentos no twitter no dia primeiro de novembro, afirmei que com uma estrutura tática dependente de um ataque debilitado que não conseguiria em um momento de pressão fazer a diferença necessária para uma vitória desse nível.

O inter não jogava bem ou equilibradamente desde os jogos finais da libertadores, e seguiu poupando jogadores em um brasileirão que poderia ter disputado o título. Isso custou caro, assim como pesou a teimosia da comissão técnica e da direção em manter Alecsandro como titular quando a prática estava provando que alternativas mais qualificadas existiam. Essas alternativas eram tanto ter Sóbis como centroavante como foi na final da libertadores, dando assim lugar ao Giuliano que não seria reserva em nenhum time no Brasil. Ainda tinha a opção do Leandro Damião que vinha em uma crescente em relação ao titular. Falei e repito com grande convicção que se Alecsandro não tivesse se machucado na final da libertadores no México não viraríamos aquela partida e se o mesmo tivesse jogado a final no Beira-rio NÃO teríamos conquistado o título.

A blindagem desse jogador foi maior que o desejo pelo título mundial, o futebol é essencialmente coletivo e depende de uma complexa dinâmica que começa no goleiro e culmina no líder do ataque, no centroavante. Esse não tem como único papel fazer os gols, ainda mais os fáceis, esses Alecsandro faz. O centroavante em uma estrutura tática precisa marcar sem a bola, cumprir função de sombra para dificultar a saída de bola do adversário, deve fazer o papel fundamental de pivô, isto é, matar a bola, controlá-la e protegê-la para que os companheiros do meio cheguem e para que os zagueiros respirem. O centroavante de um grande time como o inter deve ter a capacidade de construir e executar uma tabela simples e por fim deve ter recurso técnico para participar de jogadas curtas e principalmente finalizar.

Damião não tem todos esses recursos, mas tem mais que o seu titular, eu preferia a formação com Giuliano, mas é importante frisar que a presença indiscutível de Alecsandro é tão nociva que impediu a vinda de um atacante do calibre que o colorado merece. Com isso não estou individualizando a culpa pela derrota em um jogador, o técnico o escala, os dirigentes os sustentam, e Alecsandro representa em toda a dinâmica exigida em jogos de grande porte um ponto de desequilíbrio negativo.

Um time que perdia para o Avaí em casa, que não ganhava do Vitória e jogava mal no semestre não seria por um passe de mágica que em uma partida decisiva, como é um jogo de mundial, iria ir bem. Foi uma morte anunciada sim, falamos disso, avisamos e é assim mesmo que é para ser lido, não foi por falta de aviso. Alimentou-se uma ilusão gigante de que Gabirus outros poderiam surgir, isso é exceção, ocorre uma vez na vida e outra na morte. Para vencer há de se estudar e planejar como o inter fez, mas há de se ter recurso para executar o planejado, os melhores devem jogar. A insegurança do time no jogo contra o Mazembe é real reflexo de que os jogadores inteligentes (Guinazu, Bolívar, Kléber e Dalessandro) no fundo sabiam que o time não tem centroavante, tem um goleiro fraco, e jogadores, apesar de bons, longe de suas melhores formas como Tinga e Sóbis.

Não há razões únicas, nem explicações que dêem conta de todas essas razões, o que se tinha era uma ilusão que denunciamos cotidianamente, meus amigos concordam comigo, milhares de pessoas pensam dessa forma, mas os que fazem o futebol do inter, por serem muito sortudos e os contextos últimos terem privilegiado nosso time, preferiram investir no quase impossível ou no muito improvável. Futebol é regularidade, organização, estudo, preparação e principalmente qualidade técnica para que todo o resto de concretize.

2 comentários:

Bernardo disse...

Infelizmente, faço minhas várias das tuas palavras.

jose ernesto grisa disse...

Sobre Alecsandro, já dizíamos isto a mais de dois anos, milhares de colorado sabia que seria impossível ganhar um título, com ele, mais o Nei, Vilson Matias e Renan. Só o teimoso e burro Celso Roth mais o Fernando Carvalho, insistiam nessa teoria do fracasso.