domingo, maio 31, 2009

Um apelo às TVs: mostrem o Inter

Por Ugo Giorgetti*


Falei do passado na última coluna e me dei mal. Disse que não houve incidentes na partida entre Corinthians e Fluminense em 1976, e que tudo se passou em santa paz. Fui corrigido pelo meu velho amigo, e grande diretor, Julio Xavier, citado na coluna e que, na ocasião foi ao Maracanã. Ao contrário do que afirmei, o carro do Julio foi emboscado na entrada do Rio, com gente pisoteando o capô, a lataria sendo afundada, vidros quebrados e sua camisa do Corinthians arrancada violentamente. Mulheres que estavam no carro também não foram poupadas. Ele me diz, por fim, que soube de facadas e tiros. É isso que dá mexer no passado. Never more.


Por isso quero hoje me dedicar ao presente, e começo com um apelo. Senhores responsáveis pela programação das TVs, pensem um pouco nos pobres telespectadores de S.Paulo. Parem de nos mostrar jogos como os desta semana. Ainda há nesta cidade pessoas que gostam de futebol. Por favor, transmitam os jogos do Internacional de Porto Alegre. Não só em TV fechada, mas aberta, para todo o país, talvez em rede nacional como os pronunciamentos do presidente.

Não adianta mostrar estádios lotados, com multidões esperando milagres de times medíocres. O Vasco deu pena. O time é horrível e, graças a Deus, entrou com um uniforme que nada lembrava o grande Vasco de outros tempos. O Corinthians, por sua vez, entrou de branco da cabeça aos pés, coisa que me lembrou o grande Santos, naturalmente, é claro até a bola começar a rolar. De Palmeiras e Nacional de Montevidéu nem é bom falar, tamanha a mediocridade.

Por que nos são os oferecidos esses jogos? Simples: nunca olhamos as coisas que estão perto. Só vemos o que está longe e daí a razão de assistirmos embevecidosa a Barcelona e Manchester. Nada contra, são grandes times. Mas bem aqui, a uma hora e meia de voo de S.Paulo e Rio, se jogam um futebol de extraordinária qualidade do qual vemos aqui em S.Paulo apenas os gols e alguns lances nos noticiários noturnos. É pouco. Eu quero, e acho que muitos comigo, ver mais, muito mais de Taison, Andrezinho, Alecsandro, D'Alessandro e do magnífico Nilmar, de quem até Dunga foi obrigado a reconhecer o talento. Quero ver o Inter de Tite, um treinador que fala às vezes de modo misterioso, mas que transmite honestidade respeito. Aliás, sua saída do Palmeiras foi exemplar. Preferiu deixar o clube a ser desrespeitado. É assim que procede um homem. Tite agora está colhendo o que merecia.

Enquanto os outros times apostam só no físico, na "determinação" e na monotonia da bola parada, o Inter aposta na bola no chão e no talento. No talento, na jogada individual, no drible em coisas que se julgavam perdidas para sempre.

É claro que para jogar assim é preciso ter talento. Mas descobri-lo e valorizá-lo não é a maior das virtudes, o maior dos méritos?

Os meninos do Internacional não surgem do nada. São descobertos, treinados e lançados por gente que tem a cabeça no lugar e sabe o que faz. Inclusive contratar, quando necessário. Não é um time imbatível, pode nem ser campeão, mas muitas vezes o campeão não é o melhor. É só campeão. Por isso renovo o apelo: quando quiserem mostrar futebol, aquele velho futebol, arte, que ninguém sabe exatamente o que é, mas reconhece quando vê, por favor, virem seus olhos e câmeras para o Beira-Rio.

* colunista do jornal O Estado de São Paulo.

Obs: nem conheço tal comentarista esportivo, mas sua coluna desse domingo trata do meu time e vale dividir com vocês.

sábado, maio 30, 2009

MANIFESTAÇÃO DA FACED ACERCA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

OBS: esse documento é uma idéia de manifesto proposta pela Faced da UFRGS, mas que ainda não foi aprovada em assembléia, portanto, estou postando aqui para fins didáticos, pois o material, apesar de não ser oficial, está bem organizado e pode servir de instrumento de debates nas escolas, para o CPERS e os movimentos sociais populares.
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A Faculdade de Educação – FACED - enquanto espaço de produção de conhecimentos, tem na crítica um pressuposto pedagógico que atesta sua responsabilidade na formação de professores, tanto dos estudantes dos Cursos de Licenciatura da UFRGS quanto dos profissionais da Rede Pública na busca de resignificar a sua prática pedagógica por meio da educação continuada ou permanente.

Dentro deste espírito, não podemos nos omitir em externar nossa posição frente às propostas de governo ou sobre as políticas públicas em educação, principalmente quando vêm se consolidando e sendo implementadas em nosso Estado sem o diálogo necessário com a comunidade e com as instituições envolvidas nesse processo.

Para essa análise, entendemos: não há neutralidade. Ou seja, como repetiu inúmeras vezes Paulo Freire, educar é um ato político. Por isso reiteramos que os conceitos de Estado e Cidadania implicam em regulação do poder público, tendo na Cidadania o lugar da participação e do direito da sociedade em reivindicar políticas públicas.

Em nossas atividades acadêmicas, reafirmamos a convicção de que Educação é processo plural, laica, cuja intencionalidade está na re-atualização dos processos emancipatórios e de autonomia dos grupos sociais, mesmo porque as formações sociais, assim como o conhecimento, são incompletas.

Entendemos que, como Universidade Pública, a ação do Estado deve ser a garantia de direitos e das conquistas realizadas ao longo de décadas na educação brasileira e que as propostas de emancipação e autonomia não condizem com as perspectivas de:
· Mercantilização do ensino público;
· Sobreposição e superposição das três instâncias (município, estado e federação)
· Fragmentação e intermitência das políticas educacionais;
· Promoção de políticas educacionais sem a garantia de financiamento pelo governo;
· Desperdício de gastos;
· Não atendimento às singularidades dos movimentos sociais;
· Fragilidade ou ausência de políticas públicas específicas para área da educação infantil;
· Estrangulamento do ensino médio e a redução deste a uma mera preparação para o exame vestibular;
· Falta de recursos que traduz a inexistência de uma política de expansão do EJA e, pior, no RS se caracteriza por uma redução desta modalidade de ensino;
· Falta de parâmetros claros na educação inclusiva;
· Sofrimento da tensão do público e do privado no ensino superior;
· Equívocos das políticas governamentais, como o REUNI e o PROUNI, que respondem (temporariamente) por problemas estruturais permanentes, sem garantia de continuidade.

Tendo presente estes elementos, considerarmos que a crise educacional é produto de uma crise da sociedade e que a resposta a esta crise social não é única exclusivamente de responsabilidade daqueles que tem na educação o seu fazer social.

Em relação à Secretaria de Educação do RS, observamos:

Ações do Governo Estadual na educação em 2007:

· Processo de “Enturmação” – reorganização das turmas;
· Inserção do projeto piloto de alfabetização de crianças de 6 anos – convênio com o GEEMPA/RS.
· Repasse parcial dos recursos da “autonomia financeira” – repasse de apenas 70% do valor devido;
· redução ou fechamento de setores dentro das escolas – tais como biblioteca, laboratórios e etc.
· Não revalidação do concurso público para o magistério estadual.
· Criação do SAERS, sistema de avaliação educacional e do rendimento educacional;

Ações do Governo Estadual em 2008:

· maior aglutinação de turmas pequenas;
· remanejamento de alunos;
· fechamento de 8.305 turmas;
· fechamento de 122 escolas;
· ampliação de turmas multiseriadas;
· suspensão da oferta e estímulo a municipalização da educação de jovens e adultos;
· estímulo à municipalização da educação infantil – através de convênios;
· intensificação do processo de municipalização do ensino fundamental;
· adiamento da abertura de concurso público para o magistério;
· projeto de lei de autoria do executivo estadual criando o “piso salarial profissional do magistério público estadual”;
· ação direta de inconstitucionalidade da Lei Federal que criou o “piso salarial educacional”;
· Não negociação do pagamento dos dias de greve.

Ações do governo do Estado na área da educação em 2009:

· Proposta de alteração curricular a partir dos anos finais do ensino fundamental;
· Fechamento das escolas itinerantes – o Estado faz um acordo com o MP, sem consultar as escolas, a comunidade e os conselhos, sem o menor diálogo;
· Propostas de alteração do plano de carreira do magistério;
· Proposta de concurso público com provas específicas para cada área de conhecimento;
· Proposta de estágios probatórios com avaliação externa;
· Proposta de premiação de professores cujos alunos alcançarem as metas.

Diante do exposto, a FACED entende que:

· a crise da educação é de natureza política e, portanto, não pode ser pensada na perspectiva administrativo-financeira;
· os aspectos econômicos deveriam ser tratados como um suporte necessário para a viabilização dos projetos pedagógicos e não o inverso, ou seja, os aspectos econômicos não devem definir as decisões pedagógicas;
· o modelo de gestão da Secretaria de Educação do RS tem subordinado os projetos pedagógicos à Projetos de Governo desconsiderando que Política Pública precisa ter presente as peculiaridades da rede pública e as demandas da sociedade;
· Nessa gestão da educação do RS, vigora uma concepção centrada na eficiência e no controle;
· O direito à educação está ameaçado pelas políticas de governo cuja idéia é “fazer mais com menos”;
· O problema da educação não é apenas gerencial, mas uma questão de cidadania e de gestão democrática, o que implica em uma proposta político pedagógica construída coletivamente;
· As políticas públicas deveriam dar prioridade aos grupos em situação de vulnerabilidade;
· O fundo público deve ser exclusivamente para a escola pública;
· O Estado do RS deve participar do Plano Nacional de Formação de Professores, em parceria com as Universidades Públicas;
· Ampliação da democracia escolar se dá por meio do desenvolvimento e fortalecimento dos PPPs – Planejamentos políticos-pedagógicos;
· É necessário garantir a educação como bem público e direito universal.

sexta-feira, maio 29, 2009

Um retrato honesto da experiência venezuelana


Livro analisa conquistas e limites do processo político venezuelano. Em "A Revolução Venezuelana", Gilberto Maringoni desvenda o enigma oculto sob a campanha midiática anti-chavista: como é possível que um caudilho supostamente tão desastrado mantenha altíssimos índices de apoio popular durante tanto tempo? Para o autor, é errado reduzir, como insistem os detratores da experiência venezuelana, o prestígio de Chávez à bonança petroleira da última década.
Na lista dos demônios da mídia empresarial, o posto número 1 pertence, disparado, a Hugo Chávez, com sua boina vermelha e língua ferina. Raramente se passa um dia sem que alguma publicação da chamada “grande imprensa” despeje regulares doses de veneno contra o presidente venezuelano, apresentado como louco, fanfarrão, ditador ou incompetente. Essa cantilena se mantém há mais dez anos. Para ser exato, desde o início de 1999, quando o antigo coronel iniciou, após sua chegada ao governo, a transformação de um dos países de estrutura social mais iníqua no planeta – mais de 50% dos habitantes na miséria, em contraste com os lucros nababescos das exportações de petróleo – em uma referência mundial para todos os que cultivam os valores da justiça e da igualdade.
O livro de Gilberto Maringoni (A Revolução Venezuelana, Editora Unesp, 2009) merece ser saudado com um antídoto perfeito contra a manipulação informativa que, na imprensa brasileira, atingiu as raias de uma lavagem cerebral. Jornalista e historiador, Maringoni fala de um tema que conhece em primeira mão. Viajou várias vezes à Venezuela e lá entrevistou quase todos os nomes que valiam a pena no tumultuado enredo político local – dos caciques da oposição conservadora, como Teodoro Petkoff, às figuras mais graduadas do regime esquerdista, entre as quais o próprio Chávez, além das mais variadas fontes na esfera acadêmica.Com dados confiáveis em mãos, o autor desvenda o enigma oculto sob a campanha midiática anti-chavista: como é possível que um caudilho supostamente tão desastrado mantenha altíssimos índices de apoio popular durante tanto tempo? É errado reduzir, como insistem os detratores da experiência venezuelana, o prestígio de Chávez à bonança petroleira da última década. O Venezuela já viveu outros períodos de alta dos preços do petróleo, sem que a população tivesse tido acesso a mais do que umas magras migalhas do banquete.
A marca da gestão chavista é algo que as primeiras gestões municipais petistas defendiam no Brasil e que, lamentavelmente, diluiu-se no lodaçal dos compromissos com as classes dominantes: a inversão das prioridades em favor das multidões oprimidas, ainda que ao preço do confronto aberto contra as elites privilegiadas.Na Venezuela, os gastos sociais aumentaram de 8,2% do PIB, em 1998, para 13,6% em 2006. Os índices de pobreza caíram de 55,1% para 27,5%. O salário mínimo se elevou numa escala sem precedentes em qualquer outro país do chamado Terceiro Mundo e milhões de venezuelanos passaram a ter acesso a uma infinidade de benesses antes inalcançáveis – desde serviços essenciais, como assistência médica e dentária, aos ícones do consumo descartável, como telefones celulares.
Nesse cenário em que a mudança passa do plano da retórica para a existência cotidiana, torna-se fácil entender porque Chávez foi vitorioso em todas as freqüentes consultas eleitorais que promoveu, com apenas uma exceção.O grande mérito de Maringoni é que ele não se limita a salientar as conquistas do processo político venezuelano, mas também aponta, sem medo de entrar em polêmica com os defensores mais entusiastas do chavismo, os limites do festejado “socialismo do século XXI”. Concretamente: após dez anos de “revolução bolivariana”, o velho modelo de desenvolvimento dependente latino-americano, erigido com base na exportação de produtos primários (no caso, o petróleo), permanece inalterado.
Os ganhos desse modelo, é verdade, passaram a beneficiar, pela primeira vez, a maioria da população, sobretudo depois que Chávez retirou a estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) das mãos da camarilha que a controlava, enquadrando a empresa sob o controle público. Mas o caminho ainda está no seu início: “O Estado continua ineficiente, lerdo, corrupto e avesso às interferências populares”, escreve o autor. Mesmo que seja prematuro falar em uma verdadeira revolução na Venezuela, é inegável que o governo de Chávez mudou a face política daquela sociedade e, em certa medida, de toda a América do Sul.
A influência venezuelana se faz presente em todo um conjunto de países onde, pela primeira vez, o poder de Estado passa a ser exercido em benefício das maiorias. Como afirma Maringoni, referindo-se à época de ofensiva conservadora mundial pós-1989: “A Venezuela é, com todos os problemas, o país onde mais se avançou, nesse período, na contestação ao neoliberalismo e no questionamento do poder global dos Estados Unidos.” Aí reside a explicação para o ódio que Chávez desperta entre os donos da mídia brasileira e internacional. Ele é, de fato, um sapo difícil de engolir.
Igor Fuser é jornalista, professor na Faculdade Cásper Líbero, mestre em Relações Internacionais e doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo.
Título: A Revolução Venezuelana
Autor: Gilberto Maringoni
Número de páginas: 200
Formato: 10,5 x 19 cm
Preço: R$ 20
ISBN: 978-85-7139-904-4
Coleção: Revoluções do Século 20

Fonte: Carta maior

quinta-feira, maio 28, 2009

Agronegócio leva 93 bi enquanto a agricultura familiar fica com 15 bi

Foram anunciados os recursos para a safra agrícola 2009-2010

A safra 2009-2010 terá R$ 108 bilhões para financiamento, dos quais cerca de R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$ 15 bilhões para a agricultura familiar. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ao deixar encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tratar sobre os números do plano safra. A informação é da estatal Agência Brasil.

“Vamos ter um bom aumento em relação ao total do ano passado”, disse o ministro, ao lembrar que o setor recebeu R$ 78 bilhões para a safra 2008-2009.

Na safra 2009/2010, os agricultores familiares terão R$ 15 bilhões para custeio e investimento. O valor foi anunciado ontem por ministros e representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), participantes do movimento Grito da Terra Brasil. O montante a ser liberado é superior em comparação da safra passada, que foi de R$ 13 bilhões.

Os pequenos agricultores, que realizam em Brasília a marcha do Grito da Terra Brasil, reivindicavam R$ 22 bilhões. No ano passado, embora tenham sido liberados R$ 13 bilhões, somente R$ 9 bilhões foram aplicados, segundo a Contag, por falhas na regularização de terras e registro das reservas legais.

Segundo o ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, os recursos são suficientes para o fluxo “tranquilo” da agricultura familiar.

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Cerca de 70% do alimento consumido pelos brasileiros tem como origem a agricultura camponesa e familiar. Entretanto, a política do governo federal de destinação de recursos para o plantio das culturas primárias do próximo biênio invertem a realidade conhecida: destinam 89% do custeio para o agronegócio e apenas 11% para os pequenos produtores agrícolas.

Fonte: Diário Gauche

quarta-feira, maio 27, 2009

Intervalo

lembrar é ruim quando foi
e bom quando faz
fazer lembranças é viver
e lembrar é só escolher
o que esquecer

de todos os encantos
um nos sequestra
e esse amarra o corpo
aos encantos que restam

sábado, maio 23, 2009

Dá-lhe denúncia

O link abaixo é de uma notícia que nos faz pensar sobre a seguinte questão: a governadora não sabia nada sobre o que estava acontecendo no Detran? Ter uma acessora direta que passa a ser investigada pela polícia federal só corrobora o que pensamos e afirmamos em alguns posts anteriores sobre os quadros desse governo vergonhoso. Nem a ZH ta podendo camufla.


http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Pol%EDtica&neTamanho da fontewsID=a2520942.xml

quinta-feira, maio 21, 2009

Fórum de leituras Paulo Freire

De hoje até sábado estarei envolvido na organização do fórum Paulo Freire que se realiza aqui na UFRGS e minha linha de pesquisa está toda envolvida, portanto, volto a postar algo depois dessas atividades.

terça-feira, maio 19, 2009

Denúncia da participação de fumageiras em caixa dois de Yeda chega à ONU

As denúncias de que as fumageiras Alliance One e CTA-Continental teriam doado irregularmente R$ 400 mil para a campanha da governadora Yeda Crusius (PSDB) chegaram à Organização das Nações Unidas (ONU). No dia 15 de maio, a organização não-governamental Terra de Direitos entregou reportagens e demais documentos que retratam as acusações de Caixa 2 ao Representante Especial da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, John Ruggie. O objetivo, explica Gisele Cassano, advogada da Terra de Direitos, é mostrar à ONU as duas formas de atuação das empresas do Brasil.

De um lado, as fumageiras exploram os pequenos agricultores através de seus contratos de produção integrada. De outro, aponta Gisele, estaria a relação promíscua das empresas com políticos para ter influências econômicas. Ela exemplifica que o deputado federal gaúcho Sergio Moraes (PTB), que já foi duas vezes prefeito de Santa Cruz do Sul, cidade que é forte produtora de fumo, recebeu R$ 72,5 mil das empresas para sua campanha. O parlamentar foi autor do projeto para a criação de um Fundo Nacional da Fumicultura (FNF), a fim de estimular o plantio de tabaco. “Quem acaba financiando isso é o fumicultor. Porque ele trabalha, nunca consegue pagar suas dívidas às empresas porque são altíssimas. E por outro lado você vê essa questão de financiar R$ 400 mil em campanhas políticas. Essa superexploração do fumicultor lá na ponta também é definida para obter dinheiro, o lucro, para financiar essas campanhas e influenciar diretamente nas decisões políticas em relação ao fumo”, argumenta.

A suposta participação das fumageiras no esquema de Caixa 2 de Yeda se soma às demais denúncias feitas pela Terra de Direitos sobre violações que as mesmas empresas cometem contra pequenos agricultores. Desde 2006, a entidade já entrou com sete ações na Justiça do Estado do Paraná para anular os chamados contratos de adesão. Segundo Gisele, os contratos são ilegais já que comprometem o agricultor a ser endividado. “São contratos que as cláusulas já vêm estipuladas pela empresa, o fumicultor não consegue discutir essas cláusulas. Ele assina, juntamente com esse contrato, notas promissórias em branco, procuração em branco para que a empresa capte recursos em instituições financeiras. Dessa forma, começa a dívida dele. Faz toda a plantação e, quando vai vender esse fumo, a empresa coloca um preço menor. Então ele sempre fica devendo à empresa, por mais que trabalhe à noite, nunca tenha domingo ou feriado”.

Fonte: Diário Gauche

A explicação que Gilmar está devendo

Por Jânio de Freitas

Desafios

O segundo habeas corpus de Gilmar Mendes em favor de Daniel Dantas terá de voltar à discussão, mais tarde ou mais cedo, de modo severo e esclarecedor. Está aí a evidência dada, a propósito, pelas manifestações da Procuradoria Regional da República de São Paulo/Mato Grosso do Sul e pela Associação Nacional dos Procuradores da República. São protestos fortes contra a notificação, para explicações, de 134 juízes federais por seu manifesto de apoio ao colega Fausto De Sanctis.

Autor da segunda ordem de prisão de Daniel Dantas, De Sanctis a emitiu em razão de processo diferente daquele em que Gilmar Mendes, em nome do Supremo Tribunal Federal, concedera o primeiro habeas corpus. Para dizer o mínimo, o segundo habeas corpus deixou dúvidas até agora intocadas. Só para exemplos: o pedido ao STF cumpriu a tramitação devida ou saltou algumas etapas, senão todas? Tenha ou não o juiz De Sanctis pretendido a segunda prisão pelo mero desafio de que o acusou Gilmar Mendes, seria justificável pedi-la nos termos do processo? E, em qualquer caso, um magistrado pode sentenciar com base em seus sensíveis sentimentos de desafiado?

Como diz a nota da Associação dos Procuradores da República, os juízes solidários a De Sanctis, e por isso notificados para explicações -o que presume a possibilidade de punição- “manifestaram-se em ato de livre expressão”, sem caracterizar “insurreição e violação à Lei Orgânica da Magistratura”. Afinal de contas, De Sanctis foi acusado e insultado. Publicamente.

Fonte: Blog do Nassif

segunda-feira, maio 18, 2009

Ensaio sobre a lucidez


Ainda não terminei o livro e já o indico sem pestanejar. Quando vou comprar um livro sempre me pergunto se realmente vai valer a pena devido ao preço alto que paga quem quer ler no Brasil. E valer a pena pra mim é ser um volume que vou acessar mais de uma vez, que pode servir como fonte de pesquisa e que contenha algo mais que uma simples história. Por isso resisto em comprar romances sem procedência, que vamos ler uma vez e depois só emprestar, então privilegio livros teóricos e acadêmicos. Todavia, existem alguns que valem a pena ter em casa e esse é um. Com bom humor e conhecida habilidade narrativa, Saramago, além de dar aula de sociologia, nos ensina a problematizar a política, as relações cotidianas e a vida como um todo. Mas o que também faz com que eu ressalve a riqueza do livro é a sua assustadora atualidade, embora se trate de uma ficção. O autor coloca em xeque a democracia representativa em que vivemos, nos faz notar o quão viciado e falido é modelo de organização política da nossa sociedade. Bom, não vou esmiuçar mais é importante que leiam e tirem suas conclusões.

sábado, maio 16, 2009

Lost


As vezes me culpo por gostar de Lost, é um seriado americano, muitos diriam "um enlatado com viagens no tempo e relações amorosas clichês". E ainda por cima a série se orienta por teorias da física quântica pós-moderna, passeia pela teoria do Caos e é bastante influenciada por fábulas religiosas e pela mitologia egípcia e grega. Com todos esses ingredientes se torna mais contraditório ainda gostar da série? Creio que nem tanto.
Lost é intrigante por três razões básicas: é criativamente escrita, é essencialmente dialética (o que acarreta um conjunto de qualidades) e tem uma dinamicidade singular. Diferente da maioria das tramas criadas na televisão e no cinema, Lost exige que você procure, pergunte, indague, isto é, provoca você na medida em que te faz estudar. Aí não me prendo ao conteúdo, mas ao fato por si só. Cada leitura que se faz, cada pesquisa realizada é sinônimo de raciocínio e, agora sim dependendo do conteúdo, pois a série remete a vários, de acréscimo cultural.
Hoje assisti ao final da quinta temporada e ao passo que muitas coisas se explicam, outras perguntas são produzidas e agora só resta uma temporada pra o final, que provavelmente não será fechado nem tão claro.
Para quem não acompanha o seriado e um dia vai alugar os DVDs ou está começando a olhar na tv, antecipo que é necessário deixar-se levar pela mitologia da série e aceitar seu forte caráter ficcional, caráter esse que quando muito irreal não simpatizo, porém Lost é a melhor exceção até hoje. Vale a pena!

quinta-feira, maio 14, 2009

Cannes


Pra quem gosta de cinema o blog do link abaixo é interessante, o diretor Heitor Dhalia que vai apresentar o filme "À deriva" no festival, vai trazer os destaques do evento.

http://diariodecannes.blog.terra.com.br/

IBGE constata que permanecem desigualdades no mercado de trabalho

Os avanços das etnias não-brancas são mais modestos que os avanços dos brancos

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, apesar dos avanços registrados nos últimos anos em termos de emprego, permanecem as desigualdades entre os grupamentos de pretos e pardos, e brancos. A data da divulgação foi escolhida intencionalmente diante da comemoração da assinatura da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A informação é da Agência Brasil.

O instituto fez um comparativo dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego de março de 2009 com a pesquisa de março de 2003, com relação às questões de ocupação, escolaridade e rendimento.
A economista Adriana Beringuy, da Gerência da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, disse que os dois grupos de cor ou raça [o vocábulo impróprio é da Agência Brasil] - sendo pretos e pardos um dos grupos e brancos o outro grupo - têm obtido avanços em termos de crescimento da renda e redução do desemprego, mas de maneira desigual. “Só que o patamar que os brancos atingem é maior do que aquele conseguido pelos pretos ou pardos”.
Segundo ela, há uma tendência de melhoria para todos no mercado, mas a intensidade dessa melhoria ainda não é suficiente para reduzir as desigualdades.
Em relação ao rendimento, ocorreu expansão para os dois grupos, entre 2003 e 2009. “Só que ainda assim, o rendimento dos trabalhadores pretos e pardos equivale à metade do rendimento percebido pelos brancos. E, com o rendimento mais baixo, você tem mais impedimentos para que essa população possa transpor barreiras econômicas e sociais que acabam levando a esse ciclo vicioso. Ele tem menos renda, menos escolaridade”, avaliou a economista.

Em decorrência disso, pretos e pardos têm menos acesso a postos de trabalho com melhor remuneração. E, embora haja uma melhoria da renda da sociedade como um todo, os pretos e pardos ficam em desvantagem em relação aos brancos, afirmou a economista.
A renda média real dos pretos e pardos cresceu de R$ 690,3 para R$ 847,7 no período, enquanto a dos brancos subiu de R$ 1.443,3 para R$ 1.663,9. Adriana Beringuy observou que, no entanto, na comparação de março de 2009 com março de 2003, o rendimento médio de pretos e pardos aumentou 22%, enquanto a renda média dos brancos evoluiu 15%.

“Ou seja, em termos de ganho de rendimento, pretos e pardos tiveram um percentual maior do que o alcançado pelos brancos.” O ganho, apesar disso, não contribuiu para diminuir a diferença e o valor absoluto do salário de pretos e pardos, no período, é metade do valor do salário de brancos.
De acordo com o estudo, a escolaridade média de brancos subiu de 8,3 anos para 9,1 anos, enquanto a dos pretos e pardos evoluiu de 6,7 anos para 7,6 anos, entre 2003 e 2009.
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Esse estudo comparativo do IBGE acaba provando empiricamente que as oportunidades não são iguais para todos no Brasil, algo que muitos ainda insistem em desconhecer. As etnias pretas e pardas sempre partem de bases educacionais mais elementares, relativamente aos brancos, e isso explica em parte as dificuldades subsequentes na vida dessas pessoas. Por isso, se faz necessário uma política de cotas para o acesso à Universidade pública e gratuita.

As cotas não irão resolver em definitivo o problema social brasileiro, determinado por múltiplas outras questões históricas, onde a questão étnica, marcada pelo regime escravocrata, é a um só tempo causa e consequencia, mas podem barrar de forma parcial o agressivo determinismo social no País.

Aliás, chama a atenção a unidade que está tendo a direita na questão das cotas. Há praticamente uma unanimidade contra a política de cotas, por parte do conservadorismo brasileiro. Essa gente até admite – mesmo a contragosto – a ascensão social dos miseráveis, mas a conquista da autonomia do conhecimento que por sua vez conduz à emancipação política definitiva, esta deve ser combatida e liquidada na origem. Impiedosamente.

Fonte: Diário Gauche

Até o homem gostou

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&template=3948.dwt&section=Blogs&post=180670&blog=260&coldir=1&topo=3994.dwt

quarta-feira, maio 13, 2009

Fotos do show


Vídeo

Esse vídeo da uma idéia de como tava o gigantinho ontem a noite.


http://www.youtube.com/watch?v=tzlUwfY5hzY

Oasis

Eu sou, há muito tempo, suspeito pra falar do Oasis, mas não posso deixar de dizer que ontem presenciei uma coisa um tanto fora do comum e não é exagero. Foi o melhor show que já vi sem dúvida, mas não só porque gosto muito das músicas da banda, também pela grandeza do evento, o som perfeito (e sou chato pra isso), o maior ginásio do estado completamente lotado com 12 mil pessoas, a estrutura de palco, iluminação a potência do rock dos caras e o surpreendente carinho com que eles trataram o público.
As músicas eram todas cantadas com energia pela galera e a banda percebendo isso retribuiu com sensibilidade. Apesar de ser o último show da turnê latina antes de uma parada de quase um mês, eles não demonstraram cansaço. O show de abertura da Cachorro grande foi muito bacana também, realmente não esperava que fosse tão épico, é um concerto gigantesco. Logo vou postar algumas fotos no show e vídeos também.

segunda-feira, maio 11, 2009

Esse governo Yeda é uma piada

O que mais chama atenção não são as sucessíveis acusações em relação a caixa 2, a irregularidades de gestão no governo Yeda, isso de certa forma era esperado, tanto pelo despreparo técnico dos quadros do governo, quanto pela duvidosa idoneidade dos mesmos. Porém, agora estamos diante de um quadro singular, as denúncias advém de todos os lados tanto de partidos políticos de esquerda, tanto de pessoas que eram ligadas ao governo de alguma forma e até mesmo da Veja. Para revista mais conservadora e reacionária do Brasil expor a governadora tucana assim ou é porque gostam de escândalo a qualquer custo (não acredito que seja só isso), ou isso é estratégico, pois lá no centro do país não aguentam mais ver Yeda "queimar o filme" do PSDB no Brasil.

Essa tese não é minha o Cristóvão Feil do Diário Gauche explica isso mais didaticamente no blog. Devemos ser críticos, portanto, para compreender esse contexto, a situação além de vergonhosa para o povo gaúcho é fatídica, pois existem e-mails, gravações, depoimentos e até morte houve. Hoje ainda fiquei sabendo que o reitor da UERGS Carlos Alberto Martins Callegaro, nomeado pela governadora é sócio do marido da mesma (Yeda Crusius) numa empresa de consultoria chamada "Callegaro e Oliveira Ltda". Isso pode ser verificado no próprio currículo lattes do reitor que está no link abaixo.

Por fim, enquanto o magistério é destituído de seus direitos e espaços de debate como nunca na história, o arrocho salarial é violento, a UERGS vai sendo enfraquecida e caminha para o fechamento, a Fapergs não financia mais pesquisa alguma de relevo social, temos que conviver com esse quadro patético na gestão do estado.


http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4793260Y5