domingo, outubro 29, 2006

O presente


Ouça aqui

Hoje é o dia que você
Não demora pra chegar
E porque que o tempo
Vai pra trás?
Hoje é o dia que você
Traz os lábios a sorrir
Decorando o meu viver
A olhar!

Vem desvenda o que eu sinto
que é teu!
O que é nosso cresceu
Na ida de não mais voltar
Tem um laço que já se estendeu
Contorna o teu corpo e o meu
E ata o que há pra cuidar

Hoje é o dia que você
Vem sem calma pra escutar
E se fecha a receber, sem dar.
Hoje é o dia que você
Muda o jeito de falar
E se declara sem saber
Que ama!

terça-feira, outubro 24, 2006

Ele me vence ou eu o venci?



Eu e cinco professores, numa sala confortável e razoavelmente grande, começamos a reunião. Na minha cabeça, havia preparado algumas coisas pra dizer, mas também sabia que, no decorrer da conversa, conteúdos de qualidade brotariam. Das três janelas, uma estava aberta, mas não seria a falta de uma corrente de ar ou a direção da roda do chimarrão que atrapalhariam o desenvolvimento dos trabalhos. Eis que uma moça adentra a sala e coloca um cinzeiro na mesa, ao meu lado direito, onde estava sentada uma professora, que agradece a menina e comenta: ‘não agüentava mais’, rindo. E teorias de aprendizagem pra cá, interdisciplinaridades pra lá, e não é que a professora tem duas colegas com o mesmo vício. O ar começou a se tornar problema, a direção da roda do chimarrão seguiu a mesma, já o gosto e o cheiro dele não. O provável conteúdo colorido de qualidade ficou cinza, a cabeça antes articulada, descarrilou com a chaminé de fumaça. E o bem estar viajou junto. O Gregório não sabe lidar com as adversidades? Se isso for adversidade não, não sabe! E assim é pra mim, em qualquer lugar ou circunstância e com quem quer que seja. Eu não sei como que com 9 ou 10 anos eu mostrei ou expliquei isso para o meu pai, só sei que ele me ama e me entendeu. É uma escolha.

sábado, outubro 21, 2006

E a audiência do Jô


A insônia tem me dado de relho, vou ter que achar algum mecanismo de esvaziamento mental. Dizem que essas meditações têm essa finalidade, mas isso, na região da campanha, é bichice ou algo do tipo. Beber, além de dar gasto, não esvazia a cabeça e sim traz dor no outro dia. Ler lubrifica e enche a cabeça, até tenho feito, mas ao invés de dar sono, como a maioria, só me agita mais. Vocês devem pensar, mas vai procura um médico guri, porque nós que estamos aqui lendo não temos nada a ver com tuas insônias. Aí que se enganam, minha falta de sono é coletiva, é plural, em outras palavras, vocês são os culpados pelo meu sono conturbado. Minha mente está sendo usada levianamente por vocês, e o meu corpo é que paga o pato. Quando eu era bem piá, antes de dormir eu perguntava pra minha mãe ‘o que que eu penso?’, agora eu quero saber como não pensar em nada só por um tempinho. Dêem um jeito nisso....

terça-feira, outubro 17, 2006

Canela

Cole, colabore, decole
O que pulsa viaja
E quando chega, acelera
O lado esquerdo direitinho
Da palpitação nasce a ação
Do não, que de tanto querer
Morder, tocar, transpirar
Assusta-se por não dominar
Os sentidos, que a gritar
Produzem o eco que o vento traz
Pra me confortar e temperar as horas
Tão lentas, vistas daqui.

sábado, outubro 14, 2006

Machuca


Machuca, filme de produção chilena e espanhola. Crianças descobrem o mundo e se descobrem, linda produção, é realista, rica em detalhes e de muito bom gosto.O golpe de estado que derrubou Allende é retratado de um modo bem particular. Vale a pena mesmo.

quarta-feira, outubro 11, 2006

4º poder em 1º lugar

Datafolha diz que Lula abre 10 pontos percentuais do seu adversário, devido à evidente vitória no debate. A Folha de São Paulo traz isso como principal notícia do dia. E a Zero Hora? Nem comenta, bem pelo contrário, na área política, só há manchetes que induzem interpretações e segue a campanha aberta para a candidata paulista ao governo gaúcho. Pesquisas estapafúrdias para o governo estadual eles publicam. É escandaloso o que vem sendo feito nos meios de comunicação. Depois da Aracruz, eu voto na RBS TV para receber uma visita ‘campesina’.

terça-feira, outubro 10, 2006

A caminho

As crianças se concentram por pouco tempo, elas são assim, mas nós queremos que elas se dediquem a reflexões e entreguem seu tempo a atividades sem resposta para elas. Dois irmãos, um de 9 anos e outro de 12, conheceram um riacho para fora, quando foram a um piquenique promovido pela ong do pai deles. Esse riacho era bem estreito, mas se perdia pela mata, ia como se fosse uma trilha cortando e aguando o caminho.
Aquela visão se destacou aos olhos dos meninos, mas o que realmente aguçou-lhes a curiosidade foi à idéia de descobrir onde acabaria aquele riacho. Enquanto o resto das pessoas estava fazendo um jogo de grupos e disputavam provas em que eles quase não conseguiam concorrer, os meninos resolveram seguir o riacho sem que ninguém notasse a saída.
Pedras eram poucas, a água era rasa e limpa, limo só nas raízes. Assim, eles foram indo, caminharam por um bom tempo, já era quase noite, quando o mais novo pediu para o irmão que voltassem. O mais velho resolveu seguir mais um pouco, pois o riacho ainda não tinha acabado, mas a mata estava cada vez mais fechada, então o caçula parou e disse que esperaria seu irmão ali parado, pois estava cansado e com dor nos pés.
O pequeno sentou-se na beira da água, onde molhava as mãos e sentia o gelo e a leveza das nanicas ondas causadas só pelo embalo da floresta e via seu irmão se perder ao longe, nem o reflexo da jaqueta vermelha se via, já que o sol não dava mais conta do cenário. Depois de algum tempo ali pensando em como seria morar perto de tudo aquilo, o menino, ao levantar-se, ouviu um chamado do irmão que parecia estar longe pelo eco da sua voz:
- Mano , vai indo...
Ele não entendeu muito o recado, mas obedeceu e com alguma tensão no respirar resolveu correr. Olhou poucas vezes para trás, já era um tanto quanto difícil de enxergar, e ele pensava o quanto eles tinham ido, pois nunca chegava onde estavam seus pais. Nem voz, nem luz, tudo se foi. Para que lado ele foi, eu realmente não sei, Lúcio tinha 9 anos.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Quanto vale ou é por quilo?


Criança Esperança, campanhas do agasalho, ONGs assistencialistas, programas de doações para carentes, em geral, são movimentos nobres da sociedade. Nessas atividades, existem pessoas que têm muito e que sabem da importância de ajudar os necessitados.
Pela relevância desses projetos, eles recebem financiamento total do estado para sua realização, assim como as empresas que são socialmente responsáveis ganham isenções e investimentos. ‘Quanto vale ou é por quilo?’, filme nacional, do diretor Sérgio Bianchi, além de pensar sobre essa temática, ainda traça um paralelo entre o período da escravidão e os nossos dias, destacando a característica mercadológica existente nas duas épocas. Tem de ser visto.

obs: recebi e-mails e comentários surpresos com o meu apoio a campanhas assistencialistas, não entenderam a irônia, mais um motivo pra assistirem o filme.

sábado, outubro 07, 2006

John Mayer


Quer saber se você está bem? Se a cabeça está saudável e a pulsação tranqüila? Use como termômetro o cantor e compositor americano John Mayer, de 29 anos. Ele é melhor que Jack Johnson e Ben Harper, isso já o credencia a um tempo da sua audição. Belas canções e ótimas interpretações, músicas que fazem bem, simplesmente isso. Fazer bem, significa deixar feliz, provocar lembranças e pensamentos que nutrem nosso ser. Daughters, Comfortable, Your body is wonderland, Not Myself são algumas das músicas do rapaz aí e, com elas, já dá para entender um pouco do que falei. Procurem, pesquisem e escutem até gostar, mas se isso não acontecer, o problema não é com ele.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Tempo perdido?


Acordei com muito sono hoje, o que é normal, e fiz algo que nunca faço, ficar olhando na janela um pouco. Eu já tava atrasado, mas dediquei aquele tempo ao sol nascendo, às crianças indo pra aula, a uma senhora, que tinha que estar em casa aposentada, mas que era o motor de um carrinho cheio de papelão e garrafas descartáveis. Minha janela, no alto de um quarto quente e ‘limpo’ retratava a realidade? Não sei. No entanto, esses momentos são importantes pra mim, como os de antes de dormir, como depois de fazer amor e ouvir e dizer coisas raras e verdadeiras, como depois de ler um texto do Galeano, que mexe conosco, ou ouvir o Camelo tocar ‘Conversas de botas batidas’ no violão de nylon.
Minha subjetividade é montada muito por esses instantes, que são curtos e não muito freqüentes. Dou valor demais a essas questões contemplativas ou é só uma fase? Não tenho nenhuma curiosidade de saber essa resposta

quinta-feira, outubro 05, 2006

Senhor das armas


Senhor das armas, marcou-me por um motivo muito simples. Até Hollywood, ou seja, os americanos, estão denunciando o comportamento do seu governo e da sua indústria bélica, que promovem guerras e derramamentos de sangue em todo o mundo em troca de lucro. Essa mesma indústria que, por muitas vezes, patrocinou filmes como Rambos e outros tantos de vitórias imaginadas da guerra do Vietnã, nesse filme, é contestada e destrinchada literalmente. O longa é realista e guarda um final muito interessante, além de nos mostrar realidades que custamos a acreditar que existam. O cinema como ferramenta para informação e compreensão do mundo, é uma missão honrosa que as telas deveriam cumprir muito mais.

terça-feira, outubro 03, 2006

Olhar comum



Olhar comum

Da noite de lembrar
Do calor úmido
Pego-me a procurar
Nosso espelho único

Caminho com calma
Saudoso a observar
Indago minha alma
Se também vês o luar

Pois essa visão
É a imagem crua
Do meu coração
A te espiar pela lua

Eleições

O que ficou pra mim dessas eleições e dessa campanha política, é que povo (de quase todas as classes sociais), já não suporta mais a democracia representativa. O povo, conscientemente ou não, saturou do modelo burguês de política. Hoje em dia, não escolhemos mais o melhor candidato, aquele com o qual o programa de governo converge com nossos pensamentos e nossos desejos. Hoje escolhemos aquele candidato que não tem envolvimento em corrupções, que não está no meio dos tráficos de influências e de outras coisas. Não optamos pelo melhor, e sim, pelo menos ruim. Prova está em exemplos domésticos no Alegrete. Políticos se perpetuam no poder, com o argumento de que pagam em dia os servidores e suas contas, como se isso não fosse pura obrigação prevista em lei.
Nesse endereço vocês irão encontrar um texto muito bom, do Boaventura de Sousa Santos, que elucida a idéia de ‘democracia’ contemporânea. Vale a pena ler.


http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm
?coluna_id=3302